Promotoria de Justiça apura velório em Câmara Municipal de rapaz morto em confronto com a Polícia Federal

 

Promotoria de Justiça de Pirapozinho informou ao G1 nesta segunda-feira (10) que apura as motivações que levaram à realização do velório de Ariel Lima de Campos, de 23 anos, nas dependências da Câmara Municipal de Sandovalina. Também nesta segunda-feira (10), foi encaminhada à Promotoria uma representação da Polícia Federal de Presidente Prudente para que seja instaurada uma investigação no intuito de apurar a prática de ato de improbidade administrativa no episódio, após reportagem sobre o caso publicada pelo G1. O rapaz, que é primo da prefeita Amanda Lima de Oliveira (DEM), foi morto na sexta-feira (7), em um confronto entre policiais federais e suspeitos de roubos a bancos nos estados de São Paulo e do Paraná. O sepultamento foi neste domingo (9), no Cemitério Municipal de Sandovalina.

O documento, assinado pelo delegado Eder Rosa de Magalhães, relata as circunstâncias da morte de Ariel Lima de Campos. “Ocorre que, consoante se interfere da reportagem publicada no sítio G1 Prudente e Região […], um dos assaltantes que veio a óbito ao reagir à ação policial seria primo da prefeita de Sandovalina, sendo que o respectivo velório, por mais estranho que possa parecer, teria sido realizado na Câmara Municipal do referido município”, diz a representação da PF.

Com os fatos, o delegado representou para que seja insturada a investigação para “apurar a prática de ato de improbidade por parte da Presidente da Câmara Municipal de Sandovalina, haja vista que, salvo juízo mais abalizado, o velório em um prédio público de um criminoso que morreu em confronto direto com policiais atenta contra os princípios elementares da Administração Pública, configurando, por conseguinte, o ato de improbidade administrativa”.

Nesta segunda-feira (10), a promotora de Justiça Fabíola Castilho Soffner informou ao G1 “que a Promotoria de Justiça de Pirapozinho, com atribuição na área do patrimônio público, teve ciência do fato na tarde de hoje e solicitou esclarecimentos à Câmara Municipal de Sandovalina”.

“Com a apresentação das informações e respectivos documentos comprobatórios pela Câmara Municipal de Sandovalina, a Promotoria de Justiça de Pirapozinho analisará as providências cabíveis”, declarou a promotora à reportagem.

Outro lado

De acordo com a presidente da Câmara Municipal, Jaqueline Sanfelix (PSDB), “todos os velórios na cidade são realizados na Câmara”. Segundo a vereadora relatou ao G1, o município tem uma casa específica para a finalidade, mas fica dentro do cemitério e não é usada. “Só uma vez, há muito tempo, um senhor foi velado lá, porque não tinha família aqui [em Sandovalina]”, disse.

A presidente da Câmara não soube dizer ao G1 o porquê de os velórios não serem realizados no local específico. Quando alguém morre na cidade, é solicitado o espaço e uma pessoa específica cuida para que haja a realização do velório na Câmara, segundo relatou, ainda, a vereadora.

Sobre os esclarecimentos solicitados pela Promotoria de Justiça, Sanfelix declarou que repassará os documentos ao seu advogado.

O G1 tentou contato com a prefeita Amanda Lima de Oliveira, por meio de telefone, mas as chamadas caíram direto na caixa postal. Mensagens também foram enviadas pela reportagem e não foram respondidas pela prefeita até esta publicação.

Caso

O corpo de Ariel Lima de Campos, de 23 anos, foi enterrado na manhã deste domingo (9), no Cemitério Municipal de Sandovalina. Ele foi um dos seis homens suspeitos de roubarem bancos no interior de São Paulo e no Paraná que morreram durante um confronto com agentes da Polícia Federal (PF) em Alvorada do Sul, no norte do Paraná, na sexta-feira (7).

Em uma rede social na internet, a chefe do Executivo realizou uma postagem em homenagem ao familiar, em que diz: “Eu sempre fui completamente apaixonada por vc [sic]”. Dezenas de comentários desejavam sentimentos e conforto à família, mas também questionavam o ato.

Também no domingo (9), um homem suspeito de fazer parte do grupo de assaltantes a bancos foi preso em uma chácara de Jaguapitã, no norte do Paraná.

Conforme a PF, ele havia fugido do local no sábado (8) quando notou a chegada dos policiais. No entanto, ao retornar à chácara, foi surpreendido pelos agentes que estavam escondidos.

Na sexta-feira (7), seis homens suspeitos de roubarem bancos no interior de São Paulo, entre eles Ariel, morreram durante um confronto com agentes da Polícia Federal, em Alvorada do Sul, no norte do Paraná. Segundo a PF, o confronto ocorreu por volta das 7h30, no Rio Paranapanema. Após essa ação, explosivos foram encontrados em uma chácara em Alvorada do Sul e, de acordo com peritos da PF, a quantidade encontrada poderia explodir 25 agências bancárias.

A ação teve continuidade no sábado (8), quando a Polícia Federal cumpriu dez mandados de busca e apreensão nas casas dos suspeitos de integrar a quadrilha. Na chácara em Jaguapitã, os agentes da PF encontraram barris enterrados com duas submetralhadoras, uma pistola de uso restrito das Forças Armadas, munições e explosivos. Fonte G1