Reforço policial chegou a 20 homens em confronto com estudantes, diz PM

 

O comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, o tenente-coronel Flávio Kitazume confirmou ao G1nesta quarta-feira (18) que dez viaturas, com 20 policiais militares, foram acionados para conter a confusão em uma república de estudantes no domingo (15). Inicialmente, uma viatura com dois policiais foi chamada para averiguar uma denúncia de pertubação do sossego por volta das 23h.

Segundo a corporação, quando chegaram ao local os policiais foram desacatados e por isso deram voz de prisão a um dos estudantes e a confusão começou. A Polícia Militar informou que havia cerca de 50 estudantes no local. Um dos estudantes teria jogado cerveja no policial e outro teria tentado pegar a arma carregada com balas de borracha, informou a polícia.

Já os estudantes afirmam que eram aproximadamente 30 pessoas e eles participavam de um churrasco. De acordo com eles, assim que os policiais chegaram à república, jovens que estavam no local foram conversar com os PMs, que começaram com as agressões.

Ainda de acordo com o comandante da PM, foram registrados três disparos de bala de borracha e um deles teria atingido um jovem. No entanto, os estudantes afirmam que duas pessoas tiveram ferimentos por causa das balas e quatro ficaram feridos com as agressões dos policiais.

A PM afirma que um policial e dois estudantes ficaram feridos, um por causa da bala de borracha, e outro que teve ferimentos no rosto quando era algemado. Já o policial teve ferimentos no braço.

Segundo nota enviada pela Secretaria de Segurança Pública, a Polícia Civil registrou um Termo Circunstanciado que apura abuso de autoridade, lesão corporal, perturbação de sossego e desacato. A nota afirma ainda que a investigação está em andamento e foi requisitado exame de corpo de delito de todos os envolvidos. (Confira abaixo a nota na íntegra).

Um dos esudantes machucados em confronto (Foto: Reprodução / TV TEM)
Um dos estudantes machucados em confronto
(Foto: Reprodução / TV TEM)

A Polícia Militar também abriu um inquérito para apurar os fatos e informou que qualquer irregularidade na conduta dos policiais será devidamente punida.

Confronto
O churrasco começou por volta das 15h, segundo os estudantes e a polícia foi acionada as 23h por vizinhos incomodados com o som. “Parece que teve uma complicação na conversa entre um dos moradores e os policiais, mas não tinha virado agressão, isso aconteceu quando eu fui conversar com o policial e eu o chamei pelo nome. Posso ter sido desrespeitoso para ele em algum sentido, e a partir deste momento ele me deu um ‘mata-leão’ e me trouxe para o meio da rua. Então foram quatro minutos muito rápidos e muitas pessoas apanharam”, conta o estudante de jornalismo Tauã Miranda Santos, de 23 anos.

A estudante de psicologia Ana Elisa Bettarello, de 21 anos, conta que foi agredida com uma coronhada na cabeça. “Eu fui perguntar o que tinha acontecido e o policial estava enfurecido e me mandou sair dali e bateu na minha cabeça. Fiquei muito nervosa, em choque.”

Menina ficou ferida após agressão (Foto: Reprodução / TV TEM)Menina ficou ferida após agressão
(Foto: Reprodução / TV TEM)

 

Os estudantes foram levados para a Central de Polícia Judiciária, onde foi registrado boletim de ocorrência por perturbação de sossego, desacato e resistência. Eles passaram por exame de corpo de delito e receberam atendimento médico.

Flagrantes da confusão
A produção da TV TEM teve acesso nesta quarta-feira a novas imagens que mostram a movimentação da polícia na confusão na república. O vídeo é do circuito de segurança de um prédio próximo ao local. Nas imagens não é possível ver como começou a confusão, mas dão uma ideia da quantidade de viaturas que estavam no local por causa das luzes. Também é possível ver alguns curiosos que passavam pela rua. (Veja o vídeo acima).

Um outro vídeo que mostra momentos da confusão foi divulgado nas redes sociais. No vídeo é possível ouvir disparos e muita gritaria. Seis pessoas ficaram feridas, segundo os estudantes. Dois jovens tiveram ferimentos causados por bala de borracha e outras quatro porque apanharam.

Nota da Secretaria de Segurança Pública
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) enviou uma nota na terça-feira (17) sobre o caso. Confira na íntegra:

“A PM esclarece que foi chamada para atender um chamado de perturbação de sossego público. No local, os policiais solicitaram aos estudantes, que realizavam uma festa no local, que baixassem o volume do som. Contudo, algumas pessoas passaram a ofender e agredir os policiais. Por isso, foi necessária a intervenção policial, com reforço de viaturas. Durante a ação, um homem tentou retirar de um PM uma arma carregada elastômero, que realizou o disparo para evitar a ação. Os policiais encaminharam quatro pessoas para a Central de Polícia Judiciária. Cabe salientar que a PM instaurou Inquérito Policial Militar para apurar o caso. Qualquer irregularidade na conduta dos policiais será devidamente punida.

A Polícia Civil informa que foi registrado um Termo Circunstanciado que apura abuso de autoridade, lesão corporal, perturbação de sossego e desacato. A investigação está em andamento e foi requisitado exame de corpo de delito de todos os envolvidos”.

 Nota de repúdio da Unesp

A Universidade Estadual Paulista (Unesp) também divulgou na terça-feira uma nota de repúdio sobre o confronto entre estudantes e policiais militares. Confira a nota da Unesp na íntegra:

“Em relação a recente episódio envolvendo república estudantil, na qual moram estudantes da Unesp, e policiais, o Câmpus da Unesp de Bauru informa que os fatos específicos serão apurados e responsabilidades atribuídas e avaliadas pelos órgãos competentes e pela Assessoria Jurídica da instituição.

A Unesp informa que, por princípio, repudia qualquer tipo de ação que estimule a discriminação, a violência e sentimentos de ódio realizadas por pessoas ligadas ou não à instituição. Atitudes desse tipo vão contra os princípios básicos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da convivência democrática. São, também, consideradas infrações às leis brasileiras e, portanto, passíveis de punições. Nesse sentido de conscientização da comunidade no fomento aos Direitos Humanos, a Universidade conta com um Grupo de Prevenção da Violência e um Observatório de Educação em Direitos Humanos.

É importante ressaltar que a Universidade desenvolve ações com objetivo fomentar a saúde, o esporte, a cultura e o lazer, criando mecanismos cada vez mais próximos de nosso aluno e de suas necessidades em todos os aspectos, acadêmicos, sociais e psicológicos, num contexto que leve em conta o ambiente universitário e a sociedade como um todo.

Entre as ações já em andamento na Universidade estão programas contra abuso do uso de álcool e drogas, hoje coordenados pela Rede Vida Melhor, além de recepção acadêmica e científica e de conscientização, realizada pelas vice-diretorias, que envolve estudantes ingressantes, veteranos e pais. Materiais impressos nesse sentido são amplamente distribuídos.

As vice-diretorias e ouvidorias locais e central agem ainda contra qualquer evento ou ação que possa desrespeitar, humilhar ou constranger qualquer integrante da comunidade unespiana. Com esse objetivo, no início de ano, são realizadas ações de treinamento e capacitação dos vice-diretores das Unidades Universitárias e dos responsáveis pelas Seções Técnicas de Saúde sobre álcool e drogas, assim como workshops e oficinas virtuais sobre esses e outros temas de interesse para a comunidade unespiana (docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes).”

Presidência do Câmpus de Bauru

Polícia foi atender ocorrência de perturbação de sossego em república (Foto: Reprodução / TV TEM)Polícia foi atender ocorrência de perturbação de
sossego em república (Foto: Reprodução / TV TEM)