Santa Casa de Palmital paga 50% dos salários, mas funcionários decidem entrar em greve
Funcionários de todos os setores da Santa Casa de Misericórdia de Palmital decidiram na manhã de ontem entrar em greve para reivindicar benefícios previstos em convenção coletiva e que não foram cumpridos pela entidade, além do pagamento dos salários atrasados. A mobilização, comandada pelo Sindicato Único dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde de Sorocaba e Região (Sinsaúde), foi deflagrada mesmo depois que a entidade fez o pagamento de 50% do salário devido do mês de setembro e o fornecimento de cestas-básicas.
Os funcionários realizaram uma assembleia na manhã de ontem, na entrada da Maternidade, quando definiram pela greve e receberam informações sobre a realização do movimento. A paralisação está sendo realizada por trabalhadores dos setores de limpeza, cozinha, nutrição, escritório, portaria e técnicos e auxiliares de enfermagem, que representam 90% do total de funcionários da entidade. Mesmo recebendo metade dos salários de setembro, não há previsão de pagamento da outra metade e dos valores referentes ao mês outubro, que devem ser quitados até a próxima semana.
Segundo o presidente do SindiSaúde, Milton Sanches, a Santa Casa de Palmital não está cumprindo o previsto na convenção coletiva dos trabalhadores, mesmo com a realização de várias negociações e acordos. “Porém, nada foi cumprido”, destacou ele, ressaltando também que, apesar da alegação da falta de repasses da Prefeitura, a entidade é a empregadora dos trabalhadores e deve ser cobrada a pagar suas despesas. A categoria reivindica o pagamento dos atrasados da aplicação do reajuste de 9,82% desde maio – a correção do ano passado que não foi aplicada e é cobrada na Justiça), além de cestas-básicas e outros benefícios, cujo fornecimento havia sido interrompido há vários meses.
Sanches disse que a greve busca garantir que os trabalhadores tenham seus direitos e recebem os benefícios. O sindicalista disse que é necessário que todos os trabalhadores se mantenham mobilizados e motivados em reivindicar o que lhes é de direito. O presidente destacou que há a necessidade de manutenção de 30% dos servidores de cada setor, que devem seguir uma escala elaborada especificamente para o movimento. Os demais deverão comparecer nos dias e horários de suas escalas normais para participar da mobilização e assinar o ponto da greve.
O sindicalista enfatizou que serão realizadas reuniões e avaliações diárias sobre o movimento, que deverá ter concentrações em frente ao Pronto-Socorro Municipal e será acompanhado sempre por um diretor do SindiSaúde. Sanches ressaltou que os trabalhadores não podem sofrer pressão e que o direito de greve é garantido, mesmo com eventuais pressões de chefia ou da diretoria da entidade. Segundo Milton, os funcionários têm direito à dignidade em suas manifestações e que a situação é greve da entidade é fruto da administração não ter cumprido os compromissos com os trabalhadores.
Ao final, o presidente disse que o SindiSaúde comunicará o greve ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas, devido à falta do cumprimento dos acordos anteriormente acertados entre a categoria e a entidade. Sanches enfatizou ainda que a Santa casa é fundamental para a população de Palmital . Porém, destacou que a diretoria e as autoridades têm de se mexer para a melhora a situação dos trabalhadores da do hospital, que sofrem com os problemas ocasionados pelo modelo de gestão desenvolvido na instituição.
REPASSES E ADESÃO
A diretoria da Santa Casa alega que os atrasos nos salários ocorrem em decorrência aos repasses irregulares e insuficientes feitos pela Prefeitura, que totalizam cerca de três meses de repasses pela prestação de serviços ao Serviço Único de Saúde (SUS). De acordo com um diretor, parte foi passada na segunda-feira e permitiu o pagamento de metade dos salários de setembro, além do fornecimento de uma cesta-básica para cada trabalhador.
A entidade tem despesas com folhas de pagamento mensal de aproximadamente R$ 180 mil, sem contar a contratação de médicos e outros profissionais de saúde. A diretoria também não soube estimar qual o porcentual de adesão dos trabalhadores, mas disse que a mobilização tem a adesão predominantemente dos funcionários do setor hospitalar, pois a maioria dos trabalhadores da área administrativa continua em atividade.
Fonte: Jornal da Comarca