Tutelar recolhe bebê de casal hippie em Campinas; a mãe é assisense
Um casal hippie teve o filho de dez meses recolhido pelo Conselho Tutelar de Campinas porque não tem endereço fixo. Além disso, também não deu as duas vacinas que estavam em falta na rede por controle do Ministério da Saúde e ainda porque a mãe não fez o pré-natal.
O bebê foi levado para uma casa-abrigo e deverá ser entregue hoje para a avó materna, em Assis (SP), a 422 km de Campinas. A criança ainda é amamentada pela mãe, que teve de pedir ajuda à Defensoria Pública para rever o bebê. O Conselho Tutelar confirma os motivos que levaram ao recolhimento da criança, mas garante que a mãe foi orientada a amamentar o bebê a cada duas horas, mas ela não compareceu no local.
O recolhimento da criança ocorreu na última segunda-feira após denúncias de transeuntes ao Movimento Vida Melhor (MVM). O casal estava com o filho em frente a uma agência bancária na Avenida Francisco Glicério, próximo aos Correios e Telégrafos. A mãe do bebê, a artesã assisense Maria Vitória Penaquini, de 21 anos, contou que a família estava no local para vender o material que o casal confecciona. Ainda conforme a mãe, o casal se reveza na venda e nos cuidados com o filho.
Ela estava com o bebê quando foi abordada por uma mulher que se identificou como assistente social da MVM. “Ela exigiu documentos do meu filho, sem apresentar a identificação dela. Como leio muito sobre sequestro de crianças, me recusei. Meu marido viu a discussão e veio ao nosso encontro. A mulher não gostou e foi embora. Passou um tempinho e apareceu a Guarda Municipal que nos levou, sem a presença de um conselheiro, para a sede do Conselho Tutelar”, contou.
O casal contou que chegou a Campinas no domingo à tarde após passar dois dias participando de uma festa em Itirapina. Eles vieram com um ônibus fornecido pelo próprio evento e que os deixou na rodoviária de Campinas. De lá, seguiram até um hotel, onde pernoitaram e pela manhã foram ao Centro para vender alguns produtos e depois seguiriam de ônibus até Cotia, onde queriam resolver um problema com a máquina de débito/crédito. “Somos trabalhadores. Vivemos de cidade em cidade.
Nosso filho é feliz e já está acostumado. É nosso estilo de vida. É preconceito essa atitude do Conselho Tutelar. Eu fiz pré-natal nos cinco primeiros meses e nos dois últimos meses, em cidades diferentes. A gente vive para nosso filho. Não vemos maldade em criar nosso filho dentro do nosso estilo de vida”, disse Maria Vitória.
O casal afirma que ganha por mês cerca de R$ 2,5 mil e compra tudo o que a criança necessita para o dia a dia. Eles fazem questão de levar o filho em todos os locais onde estão e mantém o bebê em segurança. “O neném é uma criança feliz. Amamos ele. Não estamos dormindo e nossa vida parou nestes dias. Não é justo o que fizeram”, disse o pai, o artesão Alessandro de Oliveira Barbosa. “No dia da abordagem ficamos nervosos porque vimos que se tratava de um preconceito. Somos trabalhadores. Cresci na rua, pois meus pais eram nômades. Tudo que aprendi foi com eles”, acrescentou.
O casal teve de alugar uma casa com amigos para provar endereço fixo. Eles afirmam que o desespero foi tão grande que chegaram a pedir ajuda de uma instituição para fornecer endereço para eles.
Outro lado
A conselheira Débora Palermo disse que o Conselho Tutelar recolheu o bebê com base no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) como medida de proteção. “Não tem problema dos pais ficarem na rua. A criança tem de ficar em local protegido. O bebê estava queimado do Sol, com roupas sujas. Se eles quiserem, podemos arranjar uma creche para a criança. Só queremos que eles tenham residência fixa”, disse.
Segundo Débora, o Conselho ofereceu albergue para os pais e também a Casa da Gestante para a mãe, mas o casal recusou. “Recebemos denúncia do MVM e por isso pedimos para a GM trazê-los até o conselho. O casal é reincidente. Neste ano recebemos denúncias de moradores de Barão Geraldo que eles estavam morando debaixo de um abacateiro com a criança.
Avisamos sobre o fato de viverem em situação de rua com a criança, mas voltaram a ficar com o filho na rua”, disse a conselheira, que garantiu que o Conselho Tutelar de Campinas levará hoje o bebê e a mãe até a entidade de Assis, onde será entregue à avó da criança. “O conselho de lá vai dar continuidade ao caso. Nossa parte fizemos, o de recolher a criança. Todas as denúncias, vamos atrás verificar e só tiramos dos pais em último caso”, frisou.
Paz e amor marcam reencontro
Um casal hippie teve o filho de dez meses recolhido pelo Conselho Tutelar de Campinas porque não tem endereço fixo. Além disso, também não deu as duas vacinas que estavam em falta na rede por controle do Ministério da Saúde e ainda porque a mãe não fez o pré-natal. O bebê foi levado para uma casa-abrigo e deverá ser entregue hoje para a avó materna, em Assis (SP), a 422 km de Campinas. A criança ainda é amamentada pela mãe, que teve de pedir ajuda à Defensoria Pública para rever o bebê. O Conselho Tutelar confirma os motivos que levaram ao recolhimento da criança, mas garante que a mãe foi orientada a amamentar o bebê a cada duas horas, mas ela não compareceu no local.
O casal de artesãos Alessandro de Oliveira Barbosa e Maria Vitória Penaquini finalmente abraçou o
filho, Ares Leão, de dez meses, na tarde de ontem. O reencontro da família se deu em Assis, a 422 km de Campinas. Alessandro foi na frente, de ônibus, após o Conselho Tutelar pagar sua passagem de volta à cidade natal de Maria Vitória. O casal teve o filho recolhido e levado para um abrigo na última segunda-feira, após uma denúncia de uma assistente social do Movimento Vida Melhor (MVM). Para recolher a criança, o Conselho alegou falta de endereço fixo, falta de vacinas e de pré-natal. Alessandro pretende denunciar o Conselho Tutelar de Campinas por preconceito e calúnia.
O reencontro de Alessandro com o filho e a mulher, se deu por volta das 14h30. Conselheiros de Campinas levaram mãe e filho em um carro do setor. O artesão teria de pagar sua própria passagem para Assis, mas o conselho acabou custeando a viagem. A decisão de enviá-los para aquela cidade, segundo a conselheira Débora Palermo, seria porque os pais de Maria Vitória têm residência fixa no município e o bebê seria entregue à avó materna. “Fiquei feliz de ter meu filho de volta. Ele é meu bem precioso. Ele deu muitas gargalhadas quando me viu.
Mas por outro lado estou triste, pois em Campinas não fomos bem acolhidos como em outras cidades brasileiras. Eu vivo na estrada. É meu estilo de vida”, disse. “Senti que a atitude do conselho foi preconceituosa, pois em nenhum momento quiseram saber se eu tinha uma profissão. Me tacharam de andarilho. Viram nossa situação da maneira deles, sempre criticando. Os artesões de rua são amparados por lei federal”, acrescentou.
O casal disse que ficará em Assis por pelo menos 30 dias. Depois segue em viagem pelo Brasil para comprar os produtos que usam nas peças de arte que produzem. “Eu sei que um dia terei de parar para estudar meu filho. Mas enquanto ele for criança, a gente segue trabalhando para juntar dinheiro para o futuro dele. O menino é feliz com a gente”, disse Alessandro que afirma conhecer os 27 estados brasileiros e parte de cinco países da América do Sul. Maria Vitória concluiu o ensino médio e garante que aprendeu inglês sozinha.
O drama do casal fui publicado na edição de ontem após denúncia à imprensa. A família é nômade e chegou em Campinas na tarde de domingo, após participarem de uma festa de dois dias na cidade de Itirapina. Eles disseram que seguiriam para Cotia para resolverem um problema com a máquina de crédito/débito, mas antes foram vender algumas peças na região central da cidade.
No momento em que estavam em um ponto na Avenida Francisco Glicério, foram abordados por uma assistente social que, segundo eles, não se identificou. Houve uma pequena discussão e pouco tempo depois a Guarda Municipal (GM) apareceu e levou o casal e o filho para o Conselho Tutelar. A abordagem ocorreu na última segunda-feira. Redação Em Assis com informações do Correio