Unesp divulga nota de repúdio sobre confronto entre estudantes e PMs

 

A Universidade Estadual Paulista (Unesp) divulgou nesta terça-feira (17) uma nota de repúdio sobre o confronto entre estudantes e policiais militares em uma república universitária em Bauru (SP) no domingo (15), em que seis pessoas ficaram feridas, segundo os estudantes. Dois jovens tiveram ferimentos causados por bala de borracha e outras quatro porque apanharam.

A Polícia Militar diz que dois alunos e um policial ficaram feridos durante a confusão. Um inquérito foi aberto na Polícia Civil e também uma sindicância na PM para apurar os fatos. “Se houve excesso por parte dos policiais isso será apurado nesses dois inquéritos”, informou o capitão da Polícia Militar Paulo César Valentim.

Em nota, a Unesp informa que repudia qualquer tipo de ação que estimule a discriminação, a violência e sentimentos de ódio realizada por pessoas ligadas ou não à instituição. Atitudes desse tipo vão contra os princípios básicos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da convivência democrática. São, também, consideradas infrações às leis brasileiras e, portanto, passíveis de punições.

A Unesp também informou que os fatos específicos serão apurados e as responsabilidades atribuídas e avaliadas pelos órgãos competentes e pela assessoria jurídica da instituição.

Confira a nota da Unesp na íntegra:

“Em relação a recente episódio envolvendo república estudantil, na qual moram estudantes da Unesp, e policiais, o Câmpus da Unesp de Bauru informa que os fatos específicos serão apurados e responsabilidades atribuídas e avaliadas pelos órgãos competentes e pela Assessoria Jurídica da instituição.

A Unesp informa que, por princípio, repudia qualquer tipo de ação que estimule a discriminação, a violência e sentimentos de ódio realizadas por pessoas ligadas ou não à instituição. Atitudes desse tipo vão contra os princípios básicos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da convivência democrática. São, também, consideradas infrações às leis brasileiras e, portanto, passíveis de punições. Nesse sentido de conscientização da comunidade no fomento aos Direitos Humanos, a Universidade conta com um Grupo de Prevenção da Violência e um Observatório de Educação em Direitos Humanos.

É importante ressaltar que a Universidade desenvolve ações com objetivo fomentar a saúde, o esporte, a cultura e o lazer, criando mecanismos cada vez mais próximos de nosso aluno e de suas necessidades em todos os aspectos, acadêmicos, sociais e psicológicos, num contexto que leve em conta o ambiente universitário e a sociedade como um todo.

Entre as ações já em andamento na Universidade estão programas contra abuso do uso de álcool e drogas, hoje coordenados pela Rede Vida Melhor, além de recepção acadêmica e científica e de conscientização, realizada pelas vice-diretorias, que envolve estudantes ingressantes, veteranos e pais. Materiais impressos nesse sentido são amplamente distribuídos. As vice-diretorias e ouvidorias locais e central agem ainda contra qualquer evento ou ação que possa desrespeitar, humilhar ou constranger qualquer integrante da comunidade unespiana. Com esse objetivo, no início de ano, são realizadas ações de treinamento e capacitação dos vice-diretores das Unidades Universitárias e dos responsáveis pelas Seções Técnicas de Saúde sobre álcool e drogas, assim como workshops e oficinas virtuais sobre esses e outros temas de interesse para a comunidade unespiana (docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes).”

Presidência do Câmpus de Bauru

Entenda o caso
O churrasco começou por volta das 15h no domingo (15). De acordo com os estudantes, 30 pessoas participaram da festa. Por volta das 23h, a Polícia Militar foi chamada para atender um chamado de perturbação de sossego, quando começou a confusão.

“Parece que teve uma complicação na conversa entre um dos moradores e os policiais, mas não tinha virado agressão, isso aconteceu quando eu fui conversar com o policial e eu o chamei pelo nome. Posso ter sido desrespeitoso para ele em algum sentido, e a partir deste momento ele me deu um mata-leão e me trouxe para o meio da rua. Então foram quatro minutos muito rápidos e muitas pessoas apanharam”, conta o estudante de jornalismo Tauã Miranda Santos, de 23 anos.

Segundo a polícia, a viatura foi ao local e, por algum motivo, os organizadores se revoltaram e disseram que poderiam continuar com o som. Eles teriam ofendido os policiais e um deles arremessou cerveja contra um dos PMs, que deu voz de prisão. Ainda segundo a PM, aproximadamente 50 pessoas estavam na festa e apenas dois policiais atendiam a ocorrência. O grupo teria partido para cima dos policiais, que pediram reforço.

A estudante de psicologia Ana Elisa Bettarello, de 21 anos, conta que foi agredida com uma coronhada na cabeça. “Eu fui perguntar o que tinha acontecido e o policial estava enfurecido e me mandou sair dali e bateu na minha cabeça. Fiquei muito nervosa, em choque.”

Os estudantes foram levados para a Central de Polícia Judiciária, onde foi registrado boletim de ocorrência por perturbação de sossego, desacato e resistência. Eles passaram por exame de corpo de delito e receberam atendimento médico.

A polícia afirma que um jovem ficou ferido com um disparo de arma de munição de borracha e outro ficou ferido no rosto quando estava sendo algemado. O policial ficou ferido no braço e na mão e passará por exame de corpo de delito. Um inquérito foi instaurado no quartel para apuração do caso.