Vendas no varejo têm a maior queda para agosto desde 2000, diz IBGE
As vendas do varejo brasileiro recuaram pelo sétimo mês seguido. Em agosto, na comparação com julho, a baixa foi de 0,9%, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (14). Para o mês de agosto, a queda é a maior desde 2000, quando encolheu 1%.
No ano, o varejo já acumula baixa de 3,5% e, em 12 meses, de 1,5%. Na comparação com agosto do ano passado, a queda é ainda maior, de 6,9% – a mais intensa desde março de 2003, quando recuou 11,4%.
“Com a desaceleração da renda real e uma pressão inflacionária, as famílias têm menos renda disponível. Portanto, elas reveem seus hábitos de consumo, cortando itens mais supérfluos para não desequilibrar o orçamento doméstico e mesmo não entrar num endividamento”, disse Isabella Nunes, gerente da coordenação de serviços e comércio do IBGE.
Segundo o IBGE, os consumidores compraram menos em agosto porque os preços dos alimentos subiram, o crédito ficou mais restrito, os juros aumentaram, a massa salarial teve redução, bem como o número de trabalhadores com carteira assinada.
“O comércio reage a uma conjuntura que até agosto vem evoluindo da forma que a gente mostro hoje, com trajetória descendente desde o final do ano passando, mantendo as vendas do comércio em trajetória descendente desde o final do ano passado.”
Em agosto, o setor que mais contribuiu para a queda do índice foi o de veículos e motos, partes e peças (-5,2%), que vem mostrando taxas seguidamente negativas. Também caiu o movimento nos ramos de livros, jornais, revistas e papelaria (-2,6%); material de construção (-2,3%), móveis e eletrodomésticos (-2,0%) e tecidos, vestuário e calçados (-1,7%).
Quando comparado com o mesmo mês do ano passado, o comportamento dos setores é parecido. As principais influências partiram de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-4,8%), além de móveis e eletrodomésticos (-18,6%) e tecidos, vestuário e calçados (-13,7%).
“Mesmo os grupamentos que vêm com resultado positivo (farmacêutica, informática, comunicação e outros de uso pessoal), você olha que eles, na comparação mensal, vêm perdendo ritmo”, analisou Isabella.