Corpos de ex-presidente da Vale e família são enterrados em São Paulo
O enterro do empresário Roger Agnelli, ex-presidente da mineradora Vale, sua esposa Andrea, os filhos Anna Carolina e João e o genro, Parris Bittencourt, foi realizado no cemitério Gethsêmani, na Zona Sul de São Paulo, na tarde deste domingo (20).
A aeronave seguia do Campo de Marte às 15h20 deste sábado (19) com destino ao aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
O acidente ocorreu às 15h23, quando a aeronave modelo CA-9, de prefixo PR-ZRA, caiu na capital paulista, três minutos após a decolagem na cabeceira 12 do Aeroporto Campo de Marte sobre uma casa de um bairro de classe média alta na Rua Frei Machado, 110, perto da Avenida Braz Leme. O aeroporto foi fechado às 15h30. Os moradores da casa atingida conseguiram escapar pelos fundos.
Uma mulher que fechava o portão de uma casa vizinha ao imóvel atingido ficou levemente ferida e foi levada ao Pronto-Socorro da Santa Casa, na região central da cidade, segundo os bombeiros.
Um vizinho da residência afirmou ter visto o avião voando muito baixo, de forma estranha. Pouco depois, ouviu um estrondo. “Na casa tinha cinco pessoas que colocaram uma escada e saíram pelas portas dos fundos. Se não tivessem saído pelos fundos tinham sido queimados juntos”, disse Toni Sargologos, de 46 anos. Ele conta que saiu de sua casa para prestar socorro, mas foi impedido por causa do fogo que atingiu árvores e veículos na via.
Segundo o major Hengel Ricardo Pereira, do Corpo de Bombeiros, o trabalho de rescaldo foi concluído por volta das 19h30. Quinze carros e 45 bombeiros trabalharam na ocorrência.
Experimental
A aeronave era norte-americana e voava no Brasil de forma experimental – ou seja, em teste para verificação de critérios de segurança e operação.
Morreram no acidente Agnelli, ex-presidente da Vale, Andrea Agnelli, sua mulher, Anna Carolina e João Agnelli, seus filhos, Parris Bittencourt, marido de Anna, Carolina Marques, namorada de João, e o piloto, Paulo Roberto Bau. A presidente Dilma Rousseff e a Vale lamentaram a morte do empresário por meio de notas.
O modelo CA-9, da norte-americana Comp Air Aviation, de prefixo PR-ZRA, não tinha nenhuma caixa-preta, caixa de voz e de dados, segundo a Força Aérea Brasileira. Por ser um monomotor e estar em caráter experimental, os dispositivos não são necessários, conforme a legislação brasileira, para este modelo de aeronave.
O modelo foi comprado por Agnelli e pertencia a ele desde dezembro de 2012, conforme os dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O modelo estava com a documentação em dia e tinha capacidade para até 3.900 kg e 7 pessoas (incluindo o piloto). Ele é feito de fibra de carbono, tem asa alta e trem de pouso fixo.
No site da companhia consta a informação de que a aeronave ainda não tem data para certificação nos Estados Unidos. “Aeronave não certificada, voando em caráter experimental, não possui um nível de segurança confirmado para estar voando, é como se estivesse em teste, por conta e risco do proprietário”, explica o comandante Carlos Camacho, que atua na área de segurança operacional na aviação civil.
“Toda aeronave voando representa um risco, mas uma aeronave experimental ele é bem maior. É uma grande irresponsabilidade manter este tipo de quesito, deveriam ser criados ao menos critérios básicos para garantir a segurança de uma aeronave experimental, certificando-as e aprovando-as para voarem no país”, defende Camacho. Fonte: G1