Investigação sobre racismo na Unesp termina com pedido de desculpas
A Universidade Estadual Paulista (Unesp) apresentou nesta terça-feira (24) o relatório final do processo interno que investigou as pichações racistas que foram encontradas no dia 24 de julho deste ano em um banheiro masculino do campus de Bauru (SP). Em uma reunião aberta, a apresentação do relatório terminou com um pedido de desculpas ao professor Juarez Xavier, que é coordenador do Núcleo Negro para Pesquisa e Extensão (Nupe), e à comunidade negra, que foram vítimas de racismo.
Em julho, uma comissão de professores foi formada para investigar as frases encontradas no banheiro que ofendiam mulheres e estudantes negros, além de ofensas pessoais contra o professor Juarez Xavier. Os professores ouviram algumas pessoas durante quatro meses, mas não identificaram os autores das pichações.
O processo foi concluído e no relatório foram feitas dez recomendações às três faculdades que compõem o campus de Bauru. Entre os apontamentos estão a criação de uma ouvidoria na Unesp para receber denúncias relacionadas à discriminação, além de campanhas e medidas socioeducativas dentro e fora das salas de aula e assistência psicológica para quem sofrer discriminação dentro do campus.
Polícia Civil
A universidade também boletim de ocorrência na Polícia Civil para investigar o caso. Uma das medidas após o ocorrido foi promover um debate aberto aos alunos com o observatório de Educação em Direitos Humanos.
Entenda o caso
As pichações com frases racistas foram escritas em um dos banheiros masculinos do campus de Bauru. A ação, descoberta na sexta-feira (24) pela administração do campus, foi contra as mulheres negras e também contra o coordenador do núcleo negro da universidade para a pesquisa.
Nas paredes de banheiros masculinos foram escritas frases de ofensa às mulheres negras e também ao professor Juarez Tadeu de Paula Xavier, coordenador do Núcleo Negro Unesp para a Pesquisa e Extensão (Nupe) e também chefe de comunicação da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp.
Ele se manifestou, em entrevista à TV TEM, sobre as ofensas. “É lamentável essa situação justamente agora que estamos criando condições para possibilitar a presença maior da diversidade e da multiculturalidade dentro da universidade. Nós somos a universidade aqui do estado de São Paulo que adotou as cotas para negros, pardos e indígenas, além dos estudantes de escolas públicas, então deve aumentar a miscigenação dentro da universidade, então, dentro desse contexto, uma atitude dessa é muito negativa”, declarou.
A Unesp também divulgou uma nota sobre o assunto. No texto, a universidade informa “que repudia as pichações racistas feitas na sua Unidade em Bauru contra as mulheres negras da instituição, o Coletivo Afrodescendente e o coordenador do Núcleo Negro Unesp para a Pesquisa e Extensão. Trata-se de um ato contra o Estado Democrático de Direito, a população afrodescendente e a política de inclusão adotada pela Unesp. Informou ainda, em outro trecho da nota, que a Universidade conta com um Grupo de Prevenção da Violência que atua na conscientização da comunidade e no fomento aos Direitos Humanos”. A universidade informou ainda que, como foram tiradas fotos das pichações, elas foram apagadas no sábado. Fonte G1