Marília Pêra é velada em sala de teatro batizada em sua homenagem

 

Por volta das 14h30 deste sábado (5), o corpo da atriz, cantora e diretora Marília Pêra chegou à na sala que leva seu nome, do Teatro Leblon, na Zona Sul do Rio. O velório, inicialmente fechado para amigos e parentes , foi aberto ao público às 15h30. O enterro está  marcado para às 16h, no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

Marília Pêra morreu às 6h deste sábado, em casa, em Ipanema, Zona Sul do Rio. A atriz lutava havia dois anos contra um câncer de pulmão. Ela era uma das artistas mais completas do Brasil: além de interpretar, era cantora, bailarina, diretora, produtora e coreógrafa – leia aqui o perfil completo da atriz.

Antes da chegada do corpo ao Teatro Leblon, no local já estavam muitos amigos da atriz. E também era grande o número de coroas de flores.

“O melhor dia do ano é quando você ia a uma estreia da Marília Pêra. E agora não temos mais isso. Estamos falando de uma dama das artes deste país. Vou regar as flores delas com minhas lágrimas”, disse emocionada a atriz Cássia Kiss, uma das que chegaram cedo ao local do velório .

Mesmo antes de o corpo de Marília Pêra chegar, já estavam no Teatro Leblon as atrizes Lavínia Vlasak, Rafaela Mandelli, Natália Lage e Arlete Salles, além do ator Cecil Thiré.

“Perdi uma companheira, uma amiga. Uma atriz que era uma estrela, que podia se apresentar em qualquer palco do mundo. Uma pessoa maravilhosa que continuou trabalhando até sempre”, afirmou Arlete Salles.

Outra que estava muito emocionada era Luma Costa, companheira de elenco de Marília em ‘Pé na Cova’.

“Marília foi minha maior inspiração, minha diva. Ela deixa um legado para os novos atores como nós. A Marília sempre tinha um novo projeto. Éramos próximas é sempre tivemos contatos por telefone. Sempre com disciplina, dedicação. É difícil falar dela porque sou uma grande fã”, disse Luma.

Alguns tiveram que chegar às pressas, como o ator Murilo Rosa, que estava subindo a serra com a família e desceu para prestar a última homenagem . “Trabalhei com ela em 97 e 98, quando estava começando. É uma pessoa excepcional. Eu estou aqui para dar um beijo na família. A Marília se foi deixando muita coisa pra gente”, acrescentou Murilo Rosa.

Marília Pêra morreu às 6h deste sábado (5), no Rio, aos 72 anos. A atriz, que lutava contra um câncer havia 2 anos, morreu em casa, ao lado da família. Ela deixa os filhos Ricardo Graça Mello, Esperança Motta e Nina Morena e o marido Bruno Faria.

A irmã de Marília, Sandra chegou bastante emocionada ao teatro, e falou brevemente com a imprensa.

“Ela me ensinou o amor. Não quero falar, porque estou sofrendo”, disse.

Miguel Falabella, que atuava com Marília no seriado “Pé na cova”, falou com emoção sobre a amiga.

“Ela gravava sentava, mas ela ainda estava ali, fazendo planos para o futuro. A gente não quer creditar que isso vá acontecer. Ela se queixava de cansaço ao subir a escada, mas por um tempo eu não sabia o que era. Eu aprendia com ela, não contracenava com ela, eu aprendia com ela. Ia ter aula”, disse.

Isabelita dos Patins chegou ao velório mostrando muita emoção e falou ed Marília com carinho e gratidão:

“Marília era meu anjo da guarda. Tive tive um infarto e ela foi a primeira pessoa a me visitar. Ela me ajudou com R$ 5 mil por mês durante muito tempo. Ela disse que ia depositar um presente no meu aniversário. Eu estava trabalhando na Rua do Lavradio. Ela me curtia, gostava me mim. A gente perde uma grande dama do teatro, do cinema, uma mulher completa. Como ela me ajudou, depois nos encontramos no teatro. Dei para ela um anel da Carmen Miranda. Ele era dela e pertenceu também ao Erick Barreto, que era transformista. E eu dei para ela”, disse.

Marília Soares Pêra nasceu em 22 de janeiro de 1943, no bairro do Rio Comprido, no Rio. Sua primeira entrada em cena aconteceu quando ainda era bebê, fazendo figuração numa peça, informa seu perfil no Memória Globo. Aos quatro anos de idade, ela atuou com os pais no espetáculo “Medeia”. Sua irmã mais nova, Sandra Pêra, também é atriz e cantora.
Linha do tempo da carreira de Marília Pêra (Foto: Editoria de Arte/G1)

Entre os 14 e os 21 anos, Marília atuou como bailarina em musicais. Quando tinha 18, viajou por Brasil e Portugal com a peça “Society em baby-doll”. Outro destaque foi “Como vencer na vida sem fazer força”, trabalhando ao lado de Procópio Ferreira, Moacyr Franco e Berta Loran.

Em 1965, Marília foi contratada pelo diretor Abdon Torres para integrar o elenco inicial da TV Globo. Nessa época, fez o papel principal das novelas “Rosinha do sobrado”, “Padre Tião” e “A moreninha”.

Após um período fora da TV Globo, no qual atuou em “Beto Rockfeller” (1968), da TV Tupi, ela foi convidada a voltar por Daniel Filho, em 1971 – viveu Shirley Sexy em “O cafona”, que a tornou ainda mais conhecida. Na sequência, vieram “Bandeira 2” (1971-72) e “Supermanoela” (1974). A partir daí, afastou-se das novelas por oito anos, até aparecer em “O campeão” (1982), exibida pela TV Bandeirantes.

O retorno às novelas da Globo aconteceu apenas em “Brega & Chique” (1987). Na pele de Rafaela, fez bastante sucesso por sua parceria com Marco Nanini. Anos depois, Marília diria que essa foi a novela que mais gostou de fazer. Ela voltaria a interpretar Rafaela no remake de “Ti-Ti-Ti” (2011), escrito por Maria Adelaide Amaral.

Entre os trabalhos favoritos na TV, no entanto, Marília escolhia duas minisséries: “O primo Basílio” (1988), em que interpretou a vilã Juliana, e “Os Maias” (2001), em que interpretou Maria Monforte.  Na minissérie “JK”, fez a ex-primeira dama do Brasil Sarah Kubitschek.

Já na década de 1990, Marília atuou nas novelas “Lua cheia de amor” (1991) e “Meu bem querer” (1998). Outros trabalhos mais recentes foram em “Começar de novo” (2004); “Cobras & Lagartos” (2006), como a falida, mas ambiciosa, Milu; “Duas caras” (2007), como a alienada Gioconda.

Antes de “Pé na cova”, a amizade com Miguel Falabella já havia rendido papéis no seriado “A vida alheia” (2010), no filme “Polaroides urbanos” (2008) e na novela “Aquele beijo” (2011), todos escritos por ele.

Ao longo de uma carreira que durou praticamente toda sua vida, Marília Pêra destacou-se ainda no cinema. Estrelou filmes como “Pixote, a lei do mais fraco” (1980), “Bar Esperança” (1983), “Tieta do agreste” (1995) e “Central do Brasil” (1996) e “O viajante” (1998).

No teatro, ganhou duas vezes o Prêmio Molière: em 1974, por “Apareceu a Margarida”, e em 1984, por “Brincando em cima daquilo”. Como diretora, esteve por trás de uma das peças de maior sucesso do país, Após um período fora da TV Globo, no qual atuou em “Beto Rockfeller” (1968), da TV Tupi, ela foi convidada a voltar por Daniel Filho, em 1971 – viveu Shirley Sexy em “O cafona”, que a tornou ainda mais conhecida. Na sequência, vieram “Bandeira 2” (1971-72) e “Supermanoela” (1974). A partir daí, afastou-se das novelas por oito anos, até aparecer em “O campeão” (1982), exibida pela TV Bandeirantes.

Além disso, nos palcos interpretou Carmen Miranda em diversas ocasiões – “O teu cabelo não nega” (1963), “A pequena notável” (1966), “A tribute to Carmen Miranda” (1975), apresentada em Nova York, “A Pêra da Carmem” (1986 e 1995) e “Marília Pêra canta Carmen Miranda” (2005). Outras estrelas vividas por Marília foram Dalva de Oliveira, no musical “A estrela Dalva” (1987); Maria Callas, na peça “Master Class” (1996) e a estilista “Coco Chanel”, na peça “Mademoiselle Chanel” (2004).

Marília Pêra é a homenageada da Mocidade Alegre (Foto: Caio Kenji/G1)Marília Pêra é a homenageada da Mocidade Alegre (Foto: Caio Kenji/G1)

 

Fonte G1